Passaporte do Adeus.
Me declaro morta.
Meu corpo gelado, casulo da pobre alma,
portador da minha beleza e de todos os meus cortes.
Antes reconhecida pela graça e simpatia agora está distante, um retrato do passado.E tudo que é passado é jogado fora, das memórias e da história, como uma vala de desova.
Lá me encontro, ou pelo menos pensei que estivesse, meu reflexo nos cacos de vidro do espelho é um delírio. Quem eu fui? Vago meu inconsciente, único resquício de algo que agora me desola.
Agora os cortes constituem minha nova face, no caixão os vermes devoram minha juventude, a beleza mórbida. As orações são meu passaporte do adeus, alívio é saber que meu rosto desfigurou.
Mas há tempos que não possuo identidade, vivo a sombra de alguém que se adormece agora.
Adeus, minha persona.
⸺ g